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Showing posts from April, 2015

ALBERT KING, 92 ANOS BLUES (por Chico Marques)

Nesse último dia 25 de Abril, Albert King comemoraria 92 de nascimento. Nascido em Memphis, Tennessee, e totalmente auto-didata, Albert desenvolveu um estilo feroz na guitarra que encantou tanto adeptos do blues quanto roqueiros nos Anos 1960 e 1970. Aconselhado pelo grande promotor Bill Graham, foi um dos primeiros artistas de blues a se apresentar para platéias brancas, em performances que marcaram época no Fillmore Auditorium, em San Francisco, e que viraram discos antológicos. Albert esticava números clássicos de blues a épicos dez minutos de duração, permitindo que todos os músicos de sua banda improvisassem à vontade, como músicos de jazz. Claro que, para que isso fosse viável em termos artísticos, Albert sempre fez questão de estar cercado de alguns dos melhores músicos jovens da cena do blues. Albert deu um nó na cabeça da maioria dos jovens guitarristas dos Anos 60. Michael Bloomfield sempre declarou que queria ser um dia tão bom quanto ele. Jimi Hendrix f

ALEXIS KORNER, 87 ANOS BLUES (por Chico Marques)

Alexis Korner (1928/1984),  o abnegado guitarrista que apostou suas fichas no Blues Britânico  toda a sua vida, lançando dezenas de músicos talentosos em suas diversas bandas, completaria 87 anos neste último domingo. Nascido em Paris de um pai austríaco com ascendência judaica e uma mãe meio turca, meio grega, Alexis chegou a Londres em 1940, bem no início da Segunda Guerra Mundial. Suas histórias sobre sua Infância na Guerra lembram um conto clássico de Graham Greene, chamado "The Destructors", sobre crianças que mal podem esperar pelo próximo bombardeio para poder brincar nos escombros da cidade. Agente catalizador de todo o boom do blues britânico, ao lado de Cyril Davies e John Mayall, Alexis sempre foi avesso à mania dos ingleses de macaquear o Blues de Chicago. Apesar de ser, em tese, um purista do blues, na prática defendia que o Blues Britânico deveria ter uma identidade inglesa.   Músico idiossincrático, frequentemente subestimado por ter uma carreir

BESSIE SMITH, 121 ANOS BLUES (por Chico Marques)

Há exatos 121 anos,  nascia em Chattanooga,  no Tennessee,  a fabulosa Bessie Smith. Teve uma carreira notável  entre 1813 e 1938,  quando faleceu aos 42 anos de idade.  Influenciou  profundamente inúmeras cantoras,  tanto de Blues e Gospel  quanto de Jazz  -- entre elas, Billie Holiday e Alberta Hunter. O único registro filmado que Bessie deixou  está no filme SAINT LOUIS BLUES (1929),  de apenas 15 minutos de duração,  produzido pelo autor da canção W. C Handy  e rodado inteiramente em Astoria, no Queens. SAINT LOUIS BLUES é um dos primeiros  filmes falados da história do cinema,  e certamente o primeiro filme musical  com um elenco inteiramente negro. O filme caiu em domínio público em 1958,  já que os produtores originais  não se interessaram em renovar o copyright . Por conta disso,  essa é a única gravação  de Bessie Smith  cujos direitos não são controlados  pela Columbia Records. Entre os músicos que acompan

DESCOBERTO UM 3° REGISTRO FOTOGRÁFICO DO LENDÁRIO BLUESMAN ROBERT JOHNSON

Diz a lenda que o lendário cantor, compositor e guitarrista Robert Johnson (1911-1938) --  "o músico de blues mais importante que já viveu", segundo Eric Clapton --  adquiriu seu enorme talento musical depois de conhecer o Diabo em uma encruzilhada. Um dos argumentos em defesa dessa tese maluca se apoia justamente da ausência de imagens fotográficas dele, que, novamente segundo a lenda, não existiriam por conta de uma cláusula no contrato que ele firmou com o Diabo. De qualquer maneira, apesar desse suposto contrato com o Diabo, existem duas fotografias registradas de Mr. Johnson. Duas apenas. Muito pouco para um músico de sua importância. Neste último fim de semana, no entanto, uma terceira foto, ao lado do jovem cantor e discípulo Johnny Shines, foi confirmada como sendo sua, e isso causou um alvoroço enorme entre os historiadores do blues. A certificação da foto veio da Polícia Forense de Houston, Texas, que analisou os dedos longos segurando o violão e compro

MUDDY WATERS, CEM ANOS BLUES (por Chico Marques)

Muddy Waters era meio avesso a entrevistas.  Apesar de ser todos os relatos dos que conviveram com ele  indicarem que era uma pessoa afável e generosa,  existem poucos registros de conversas com ele  na Imprensa Americana -- o pouco que existe  foi concedido à Imprensa Européia nas inúmeras tournées  que Muddy e sua banda fizeram por lá nos anos 1960 e 1970.   Mas em Março de 1985, a prestigiada revista Living Blues tratou de suprir essa lacuna publicando  uma extensa entrevista com o Rei do Blues de Chicago  --  que, na verdade, é uma coletânea de conversas gravadas  com Muddy entre 1974, 1980 e 1981  pelo casal  de jornalistas musicais Jim e Amy O'Neal.   O resultado é emocionante,  e, para mim, pessoalmente,  resgatar e traduzir esta entrevista  justo no dia em que Muddy Waters  --  ou McKinley Morganfield, seu nome de batismo --  completaria 100 anos de idade  não só é um imenso prazer,  como também um enorme privilégio.