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BIG CREEK SLIM É A PROVA VIVA DE QUE ATÉ OS VIKINGS GOSTAM E ENTENDEM DE BLUES



Por mais que qualquer país da Europa esteja milhares de kilometros distante do Delta do Mississipi ou da Zona Sul de Chicago, isso nunca foi um impecilho para que surgissem artistas de blues genuínos, com sentimento de raiz e a identidade negra que é fundamental, pelos quatro cantos do planeta.

No caso específico do Continente Europeu, foram tantos artistas de blues auto-exilados por lá dos Anos 1950 para cá, plantando a semente do blues de forma incansável em apresentações por vários países que hoje, como consequência deste esforço de divulgação, temos um cenário blueseiro rico e variado por lá.

  O cantor e guitarrista dinamarquês Marc Rune, vulgo Big Creek Slim, é um exemplo disso.

Desde muito jovem, ele se encantou com a levada musical de Muddy Waters, John Lee Hooker e Lightnin' Hopkins, e tratou de aprender seus truques na guitarra da maneira como foi possível na Dinamarca.

Quando não havia mais o que aprender por lá, ele caiu na estrada e tratou de passar uns tempos entre Chicago e New Orleans, com estadia prolongada na região do Delta do Mississipi, para sentir "in loco" como se tocava folk-blues pra valer.


Antes de tocar voltar para a Europa, Marc tomou uma rota meio oblíqua e veio parar aqui no Brasil, onde viveu por 3 anos e se apresentou com muita frequência em muitas cidades.

Mas achou melhor não se fixar em São Paulo, como faz a maioria dos músicos estrangeiros que vem para cá.

Preferiu seguir rumo sul em direção a Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Argentina, onde encontrou um público mais interessado e acolhedor e menos óbvio do que os playboys blueseiros beberrões de São Paulo.

Tanto que todo Outono Big Creek Slim volta para a Região Sul do Brasil para fazer apresentações em bares e casas pequenas para o público cativo que formou por lá.


De volta à Dinamarca desde 2012, Marc adotou o nome artístico Big Creek Slim, montou uma banda chamada The Cockroaches.

Com eles, gravou dois discos de folk-blues muito bons: Ninety-Nine & a Half (2013) e Hope For My Soul (2015).


Agora ele está de volta com um LP surpreendente intitulado Keep My Belly Full, que está conseguindo uma entrada surpreendente tanto no Continente Europeu quanto na cena fonográfica do blues nos Estados Unidos, que receberam o disco de braços abertos, com críticas entusiasmadas e convites para participar de festivais de blues neste Verão.

Não tente procurar nada muito original na sonoridade de Big Creek Slim and The Cockroaches, até porque o que eles tem para oferecer é Chicago Blues rústico, honesto e bem executado, mesclado com um colorido musical ao piano típico de deep south americano.

Sua banda não é propriamente brilhante, mas é muito eficaz: o baixista Filip Dybjerg e o baterista Kim Tomsen são bem suingados e o guitarrista e produtor Morten Rune junta essas peças todas de forma certeira nas 7 faixas autorais e nos 6 covers que compõem este disco.


Keep My Belly Full foi gravado em duas etapas.

A primeira rolou entre Julho e Setembro do ano passado no Estúdio Vibe Factory, em Copenhagen.

Já a segunda aconteceu em Janeiro deste ano no Sacred Cat Studio em Oceaside, California.

O lançamento é da Straight Shooter Records, um selo independente até demais, e se você não encontrar o disco com facilidade pelas lojas especializadas no gênero, recomendo aguardar o início do ano que vem.

É que Big Creek Slim com certeza vai dar um novo rolê pelo Sul do Brasil no início de 2017.

E sempre ele vem, traz sempre um lote avantajado de discos a tiracolo, para vender pelos lugares onde toca.








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