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JIMMY DAWKINS e JIMMY JOHNSON em BLUESTIME (25 Maio 2008)


Os dois Jimmies que estarão no BLUESTIME dessa segunda são guitarristas excepcionais que surgiram na mesma cena do West Side de Chicago que, no início dos anos 60, projetou para o mundo talentos fabulosos como OTIS RUSH, MAGIC SAM, LUTHER ALLISON e BUDDY GUY, mas que acabaram tendo carreiras atrapalhadas e errantes.

Mesmo assim continuam na ativa até hoje, correndo o mundo com suas guitarras em punhos.

JIMMY DAWKINS nasceu em Tchula, Mississipi em 1936, aprendeu a tocar guitarra ainda menino, e se mudou para Chicago aos 19 anos para ser músico de blues. Sempre soube o que queria ser quando crescer.

Logo conheceu o cantor e gaitista Big Boy Arnold, com quem iniciou uma parceria que incendiou por muitos anos alguns dos piores inferninhos de Chicago. Foi nessa época que ganhou de seus fãs o apelido "fast fingers".

Depois de trabalhar como sideman nos discos de alguns amigos, e ver muitos de seus colegas do West Side gravarem discos e ganharem notoriedade pelo país inteiro, Jimmy Dawkins finalmente recebeu um convite para estrear como artista solo na prestigiada Delmark Records.

E então, com "Fast Fingers", seu primeiro disco, todo o mundo finalmente conheceu o ataque preciso e a pegada dramática (às vezes introspectiva) na guitarra de Jimmy Dawkins, que além do mais, era um tremendo cantor de blues. Com esse disco, ele faturou nada menos que o cobiçado "Grand Prix du Disque de Jazz" do Hot Club de France.

Seu segundo disco, infelizmente, não recebeu a mesma acolhida calorosa. Gravado em 1971, com Andrew "Big Voice" Odom nos vocais e Otis Rush na segunda guitarra, "All for Business" era tão bom quanto o anterior, mas simplesmente não emplacou. E o seguinte, "Blisterstring", de 1977, lamentavelmente teve o mesmo destino.

Tudo isso levou Jimmy Dawkins a deixar de lado sua preocupação em produzir discos e dirigir seu foco para as performances ao vivo, onde sempre reinou de forma absoluta. Em consequência disso, a maior parte dos registros gravados por ele ao longo dos anos 80 foram feitos de forma descontraída, quase sempre ao vivo.

Só em 1991 ele retornou ao disco de forma plena, com um belo projeto para a Earwig Records, estranhamente entitulado "Kant Sheck Dees Bluze", que foi recebido de forma extremamente calorosa pela crítica especializada, e aclamado como "um renascimento artístico".

De lá para cá, Jimmy Dawkins tem gravado bons discos regularmente para os selos Ichiban e Fedora, excursionado pelo mundo todo e, sempre que possível, contracenado em Festivais de Blues com seus companheiros de geração que ainda permanecem na ativa. (Chico Marques)

JIMMY DAWKINS DISCOGRAFIA
1969 Fast Fingers (Delmark)
1971 Tribute to Orange (Evidence)
1971 All for Business (Delmark)
1973 Transatlantic 770 (Excello)
1977 Blisterstring (Delmark)
1981 Hot Wire 81 (Isabel)
1985 Feel the Blues (JSP)
1986 All Blues (JSP)
1991 Kant Sheck Dees Bluze (Earwig)
1994 Blues & Pain (Wild Dog)
1995 B Phur Real (Wild Dog)
1995 Blues from Iceland (Evidence)
1995 Come Back Baby lIVE! (MCM)
1997 Me, My GUitar & the Blues (Ichiban)
1999 Jimmy And Hip Live (Rumble)
2002 West Side Guitar Hero (Fedora)
2002 American Roots: Blues (Ichiban)
2002 Born in Poverty (Black & Blue)
2004 Tell Me Baby (Fedora)


JIMMY JOHNSON já é um outro tipo de guitarrista.

Nascido em Holly Springs, Mississipi, em 1925 e criado em Chicago, Johnson por muito tempo se deixou levar por sua timidez, preferindo ser sideman, e trabalhando com seu irmão, o irmão e gaitista Syl Johnson. Teve vários convites de várias gravadoras ao longo dos anos 60 e 70, mas se esquivou de quase todos eles, e só gravou seu primeiro disco solo aos 50 anos de idade.

Guitarrista com uma pegada semelhante à de Otis Rush, Johnson se escolou na mesma cena do West Side de Chicago, e sempre foi conhecido por ter também uma voz espetacular, sob medida para a soul music. Tanto que vivia sendo requisitado para contracenar com artistas da cena soul de Chicago, como Otis Clay, Denise LaSalle e Garland Green.

Quando a cena soul começou a minguar por volta de 1974, Jimmy Johnson voltou a se dedicar ao blues. Foi quando trabalhou como segundo guitarrista para seus velhos amigos Jimmy Dawkins e Otis Rush.

Foi só então que Jimmy Johnson tomou coragem e começou a gravar discos solo espetaculares, primeiro para a Delmark (Johnson's Whacks, de 1978, e North South, de 1982) e depois para a Alligator (Bar Room Preacher, de 1983), que reapidamente o colocaram no topo do ranking dos grandes artistas de blues de Chicago.

Foi quando veio a tragédia: em Dezembro de 1988, Johnson dirigia uma van com sua banda pelo estado de Indiana quando se envolveu em um acidente que matou seu baixista Larry Exum e seu pianista St. James Bryant.

Muito abalado com tudo o que aconteceu, Johnson entrou em parafuso e resolveu parar com sua carreira musical. Ficou afastado da música vários anos, trabalhando com outras coisas. Os convites chegavam, e eram devolvidos com um "obrigado, não".

Mas então, em 1995, Jimmy Johnson recebeu um convite da Verve Records para gravar um disco, ficou animado com a proposta e decidiu que era a hora de voltar. Gravou um disco sensacional chamado "I´m a Jockey", onde mescla soul com blues de forma espetacular, e que faturou merecidamente alguns dos maiores prêmios da cena do blues naquele ano.

De lá para cá, não sossegou mais.

Hoje, aos 81 anos de idade, Jimmy Johnson permanece na ativa, fazendo shows com sua banda ou com seu irmão Syl, e mostrando para todos os puristas que -- gostem ou não -- blues e soul music são uma coisa só. (Chico Marques)

JIMMY JOHNSON DISCOGRAFIA
1977 Jimmy Johnson & Luther Johnson (MCM)
1978 Tobacco Road (MCM)
1979 Johnson's Whacks (Delmark)
1982 North/South (Delmark)
1983 Bar Room Preacher (Alligator)
1995 I'm a Jockey (Verve)
1999 Every Road Ends Somewhere (Ruf)
2000 Jimmy Johnson Featuring John Watkins (Black & Blue)
2000 Pepper's Hangout (Delmark)
2001 Ma Bea's Rock (Storyville)
2002 Heap See (Black & Blue)
2002 Two Johnsons Are Better Than One (Delmark)
2004 Brothers Live (Brambus)

Comments

  1. O JIMMY DAWKINS parece muito o Reg Simpson. Lembra dele, Chico?

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